domingo, 25 de agosto de 2013

INSIGHT SOLITÁRIO SOBRE A VIDA. - O INICIO DO CAMINHO DO APRENDIZ

Se é o inicio de uma longa jornada,então para que correr...?Cada passo dado com zêlo,calma,sabedoria e confiança,só resultará numa caminhada cheia de amor,alegria,felicidade,clareza e principalmente paz interior.

TUDO TEM SEU TEMPO!!! Nâo apresse o curso do rio,falou o meu guia e  mestre taiosta.

Agosto de 2013 








quarta-feira, 21 de agosto de 2013

I-CALCINATIO


O processo químico da calcinação envolve o intenso aquecimento de um sólido, destinado a retirar dele a água e todos os demais elementos passíveis de volatização. Resta um fino pó seco. Exemplo clássico de calcinação, do qual surgiu o termo cal (calx= cal), é o aquecimento da pedra calcária (CaCO3) ou do hidróxido de cálcio para produzir cal viva (CAO, calx viva). Acrescentando-se água à cal viva, esta apresenta a interessante característica de geração de calor. Os alquimistas pensavam que continha fogo e por vezes a equiparavam ao próprio fogo.
A CALCINATIO é a operação do fogo. ( as outras são: solutio, água. Coagulatio, terra; e sublimatio, ar). Eis porque toda imagem que contêm o fogo livre queimando ou afetando substâncias se relaciona com a Calcinatio. Isso nos leva ao rico simbolismo do fogo. Para Jung o fogo simboliza a libido. Trata-se de uma afirmação bastante geral. Para conhecer as implicações do fogo e dos seus efeitos, devemos examinar a fenomenologia da imagem em suas inúmeras ramificações.
O fogo da calcinatio é um fogo purgador, embranquecedor. Atua sobre a matéria negra, a nigredo, tornando-a branca... Há muitas alusões ao simbolismo do fogo ( purgatório, inferno, etc.).Um interpretação psicológica do fogo é importante, inclusive para a correta interpretação dos textos bíblicos.
O fogo do inferno é o destino daquele aspecto do ego que se identifica com as energias transpessoais da psique e as utiliza para fins de prazer ou de poder pessoais. Esse aspecto do ego, identificado com a energia do SELF (SI-MESMO), deve passar pela calcinatio. Só se considerará o processo "eterno" quando se estiver lidando com uma dissociação psíquica que separe de modo inevitável o bem do mal e o céu do inferno. "Pelo elemento fogo, tudo o que há de impuro é destruído e retirado".
Em toda parte, associa-se o fogo com Deus, sendo ele, por conseguinte das energias arquetípicas que transcendem o ego e são experimentadas como numinosas. Cristo também é associado ao fogo.
De uma forma característica, o pensamento místico distingue dois tipos de fogo. Os estóicos falavam de um fogo terrestre e de um fogo etéreo. O etéreo corresponde ao NOUS, o divino LOGOS, aproximando-se da concepção cristã posterior do Espírito Santo. A Palavra de Deus é descrita como um fogo. (cf Jr 5,14; Jr 23,29; Tg 3,6).Em Pentecostes O Espírito Santo desce como fogo ( At 2,3).. Nos tempos primitivos, o fogo era o principal método de sacrifício aos deuses. O fogo conectava o divino com o humano.
A calcinatio é um processo de secagem. A cinza é alquimicamente equivalente ao sal. Na psicoterapia envolve a secagem de complexos inconscientes que vivem na água.
De modo geral, quando enfrentamos a realidade da vida, ela nos propicia grande número de ocasiões para a calcinatio do desejo frustrado... A calcinatio tem um efeito purgador e purificador. A substância é purgada de sua umidade radical.
Por fim a calcinatio produz uma certa imunidade ao afeto e uma habilidade para ver o aspecto arquetípico da existência Na medida em que estamos relacionados com o aspecto transpessoal do nosso ser, experimentamos o afeto como fogo etéreo (Espírito Santo) e não como o fogo terrestre - a dor do desejo frustrado.
(O material aqui exposto é resumo livre da Obra: EDWARD F EDINGER,ANATOMIA DA PSIQUE, O Simbolismo Alquímico na Psicoterapia, Editora Cultrix,São Paulo, 1995. )

ALQUIMIA & PSICOLOGIA-I

"A Alquimia representa a projeção de um drama ao mesmo tempo cósmico e espiritual em termos de laboratório. A opus magnum tinha duas finalidades: o resgate da alma humana e a salvação do cosmos...". Esse trabalho é difícil e repleto de obstáculos; a opus alquímica é perigosa. Logo no começo, encontramos o "dragão", o espírito ctônico, o "diabo" ou, como os alquimistas o chamavam, o "negrume", a nigredo, e esse encontro produz sofrimento... Na linguagem dos alquimistas, a matéria sofre até a nigredo desaparecer, quando a aurora será anunciada pela cauda do pavão (cauda pavonis) e um novo dia nascer, a leukosis ou albedo. Mas nesse estado de "brancura", não se vive, na verdadeira acepção da palavra; é uma espécie de estado ideal, abstrato. Para insuflar-lhe vida, deve ter "sangue", deve possuir aquilo a que os alquimistas denominavam de rubedo, a "vermelhidão" da vida. Só a experiência total da vida pode transformar esse estado ideal de albedo num modo de existência plenamente humano. Só o sangue pode reanimar o glorioso estado de consciência em que o derradeiro vestígio de negrume é dissolvido, em que o diabo deixa de ter existência autônoma e se junta à profunda unidade da psique. Então, a opus magnum está concluída: a alma humana está completamente integrada.”  Jung



quinta-feira, 4 de julho de 2013

OS ALQUIMISTAS ESTÃO CHEGANDO...MY LORD.


Rodolfo II foi um dos mais excêntricos monarcas europeus de todos os tempos. Colecionava anões e possuía um regimento de gigantes em seu exército. Era rodeado por astrólogos e fascinado por jogos, códigos e música. Rodolfo fazia parte dos nobres de seu período orientados pelas ciências ocultas. Patrono da alquimia, financiou a impressão de literatura alquimista. Além disso, seu gosto pelo excêntrico o fez um dos principais protetores e mecenas de Giuseppe Arcimboldo pintor considerado por certos críticos um dos precursores ou inspiradores do surrealismo, umas das principais vanguardas europeias do século XX. Uma das principais obras do artista é justamente o retrato de Rodolfo II como o deus romano Vertumnus pintado provavelmente entre 1590 e 1591 feito com vários tipos de frutas, legumes, cereais e outros vegetais.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

UMA GOTA DE MELANCOLIA CAIU SOBRE MIM ESSA MANHÃ...

HOJE A SOMBRA DA MELANCOLIA SE ABATEU SOBRE MINHA ALMA,ME FAZENDO VER A REALIDADE DESSA FUGAZ VIDA,MINHA ALMA SE TORTURA NA BUSCA DE UM MOTIVO PARA ESSE TIPO DE SENTIMENTO.O QUE SERIA MELHOR? NÃO PENSAR EM NADA E DEIXAR ESSE SENTIMENTO ME ABRIGAR E DEPOIS ABRIR SUAS ASAS E PARTIR? MEUS PENSAMENTOS BUSCAM UMA CAUSA PARA ESSA SUTIL TRISTEZA NA ALMA...PENSO NO FUTURO E NO PRESENTE.NO HOJE E NO AMANHA.TOLAS DIVISÕES IMAGINARIAS,POIS A VIDA SE DESENVOLVE NO AQUI E NO AGORA, E NO AGORA,SÓ SINTO TRISTEZA.ESTOU FRAGIL E CARENTE...O QUE É A VIDA? PERMITO-ME E ME ABRO SEM DEFESAS PARA ENCONTRAR RESPOSTAS QUE POSSAM CONFORTAR MINHA ALMA IMPACIENTE. DO UNIVERSO, QUE SEJA FEITO A SUA VONTADE,ESTOU ULTIMAMENTE ABERTO PARA O QUE VIER ,SE É QUE ELE TEM ALGO.SE EXISTIR DESTINO,ESSE INDECIFRAVEL MISTERIO DA VIDA,ENTÃO QUE ME ENCONTRE LOGO,ESTOU PRONTO,ENTREGUE! MAS QUE CHEGUE SUAVEMENTE, LENTAMENTE... AS VEZES PENSO QUE ESTOU SENDO PREPARADO,NUM MOMENTO DE TRANSIÇÃO,DE ESPERA,INTERMÉDIO DO DESTINO.É BOM PENSAR EM PROJETOS, EM SONHOS,POIS ANIMA A ALMA POR ALGUNS MINUTOS,ENTORPECENDO A TRISTEZA.MELANCOLIA SEM SENTIDO ,OU TERÁ UM SENTIDO QUE ME APONTA? DEVO EU MERGULHAR NESSE ESTADO, DORMIR E ME COBRIR COM SONHOS?...QUANDO ESTOU ASSIM ,FICO COM O HUMOR ÁCIDO,IMPACIENTE DIANTE DA MEDIOCRIDADE HUMANA MAS TAMBEM COMPREENSIVO E COMPLACENTE,CARENTE POR UM ABRAÇO FORTE E ACONCHEGANTE DE ALGUEM QUE POSSA ME COBRIR COM SEUS BRAÇOS.HA!! VIDA...! TÃO CHEIA DE PARADOXOS, TÃO FÁCIL DE SE PERDER ENTRE ELES,LABIRINTOS DE ILUSÕES...AS VEZES GOSTO DE PERMANECER NESSE ESTADO-OLHA SÓ O PARADOXO- EM QUE A ALMA É POSTA DE FRENTE,NESSES DIAS EM QUE A REALIDADE DANÇA SUA MUSICA DIANTE DOS OLHOS,DIAS EM QUE AS LÁGRIMAS CAEM SEM SABER O MOTIVO,POIS É A  ALMA QUE CHORA...UMA TRISTE SINFONIA DE “BACKGROUND” SEGUE SOANDO NA ALMA DURANTE TODO O DIA...E AS VEZES EU DANÇO ESSA MUSICA. HOJE QUANDO ACORDEI, OLHEI PELA JANELA DO QUARTO -LUGAR EM QUE AS VEZES ME DEBRUÇO PARA ESPIAR A VIDA SE MOVIMENTANDO- E O DIA ESTAVA PARADO, CHUVOSO E NUBLADO. ACHO QUE MINHA ALMA ABSORVEU O QUE OS MEUS OLHOS VIRAM...PRECISAVA CHUVER! UMA GOTA CAIU SOBRE MIM...




domingo, 2 de junho de 2013

A POESIA DE PETER HANDKE- "CANÇÃO DA INFÂNCIA"

Quando a criança era criança,
andava balançando os braços,
queria que o riacho fosse um rio,
que o rio fosse uma torrente
e que essa poça fosse o mar.
Quando a criança era criança,
não sabia que era criança,
tudo lhe parecia ter alma,
e todas as almas eram uma.
Quando a criança era criança,
não tinha opinião a respeito de nada,
não tinha nenhum costume,
sentava-se sempre de pernas cruzadas,
saía correndo,
tinha um redemoinho no cabelo
e não fazia poses na hora da fotografia.
Quando a criança era uma criança
era a época destas perguntas:
Por que eu sou eu e não você?
Por que estou aqui, e por que não lá?
Quando foi que o tempo
começou, e onde é que o espaço termina?
Um lugar na vida sob o sol não é apenas um sonho?
Aquilo que eu vejo e ouço e cheiro
não é só a aparência de um mundo diante de um mundo?
Existe de fato o Mal e as pessoas
que são realmente más?
Como pode ser que eu, que sou eu,
antes de ser eu mesmo não era eu,
e que algum dia, eu, que sou eu,
não serei mais quem eu sou?
Quando uma criança era uma criança,
Mastigava espinafre, ervilhas, bolinhos de arroz, e couve-flor cozida,
e comia tudo isto não somente porque precisava comer.
Quando uma criança era uma criança,
Uma vez acordou numa cama estranha,
e agora faz isso de novo e de novo.
Muitas pessoas, então, pareciam lindas
e agora só algumas parecem, com alguma sorte.
Visualizava uma clara imagem do Paraíso,
e agora no máximo consegue só imaginá-lo,
não podia conceber o vazio absoluto,
que hoje estremece no seu pensamento.
Quando uma criança era uma criança,
brincava com entusiasmo,
e agora tem tanta excitação como tinha,
porém só quando pensa em trabalho.
Quando uma criança era uma criança,
Era suficiente comer uma maçã, uma laranja, pão,
E agora é a mesma coisa.
Quando uma criança era criança,
amoras enchiam sua mão como somente as amoras conseguem,
e também fazem agora,
Avelãs frescas machucavam sua língua,
parecido com o que fazem agora,
tinha, em cada cume de montanha,
a busca por uma montanha ainda mais alta,e em cada cidade,
a busca por uma cidade ainda maior,
e ainda é assim,
alcançava cerejas nos galhos mais altos das árvores
como, com algum orgulho, ainda consegue fazer hoje,
tinha uma timidez na frente de estranhos,
como ainda tem.
Esperava a primeira neve,
Como ainda espera até agora.
Quando a criança era criança,
Arremessou um bastão como se fosse uma lança contra uma árvore,
E ela ainda está lá, chacoalhando, até hoje
.





quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CARNAVAIS DESPERTADOS



    Foto: Carnaval no AFC-Sou o do meio de calça comprida e dedos em "V"


Olhando para o carnaval de hoje, lembrei-me dos carnavais da minha infância na cidade de Natal, no bairro do Tirol, lá pelos idos dos anos 70. Era a minha melhor diversão. Eu aguardava ansiosamente a folia de Momo chegar para, junto com os amigos da rua, molhar as pessoas e os carros que trafegavam pelo nosso pedaço. O bom mesmo era pegar um motorista desprevenido, com os vidros do carro abertos. Tínhamos baldes, latas, bombas de água (uma espécie de seringa gigante, feita de cano de água e um cabo de vassoura com sola de chinelo de borracha nas extremidades, que ao sugar a água, enchia o cano). Ficávamos em bandos nas esquinas, escondidos, esperando passar um carro para dar aquele banho. Quando o motorista parava o carro, depois de um banho exemplar, saíamos correndo desesperados com o coração aos pulos. Lembro-me de sair com meu pai de carro, e de longe enxergávamos os meninos nas esquinas escondidos. Tínhamos que ser rápidos nas manivelas dos vidros, pois eles também corriam em direção ao carro. Meu pai ficava enlouquecido se tomava um banho, descia do carro, gritava, xingava... Tinha que se dirigir naqueles dias de carnaval muito atento, porque as maiorias das ruas de Natal estavam repletas de moleques e adolescentes, ávidos para dar um banho em alguém que aparecesse. Era tudo tão saudável e cheio de adrenalina. Havia também os blocos que “assaltavam” as casas. Lembro-me da felicidade, quando a minha casa foi “assaltada” por centenas de foliões. Quando uma casa era “assaltada”, o dono tinha que dar bebida, comida, etc..., mas geralmente os “assaltantes” do bloco chegavam sempre munidos de whiskey e lança-perfume, todos “melados”. No nosso lar doce lar, foi uma alegria só. Meu pai se divertiu com toda aquela bagunça em casa. Minha mãe ficou enlouquecida de ter a casa invadida por dezenas de foliões famintos, embriagados e uma banda tocando nas alturas. Eu pirei aquele dia. Havia, ainda, a tal da lança-perfume, que representava o mistério, a transgressão em época de ditadura militar. Também rolava a tal da “loló”, mais “pesada”, à base de éter, clorofórmio e outras químicas mais. Era avidamente inalada nos banheiros dos clubes clandestinamente. A noite era só para os adultos. Eu frequentava as matinês do América Futebol Clube. Pulei muito carnaval na sede do alvirrubro natalense. Adorava recolher os confetes do chão para jogar de novo para o alto e ver cair na cabeça das pessoas e ficar grudado. As serpentinas voavam alto. No salão do clube, improvisávamos um longo trenzinho humano, que ficava rodando todo o salão lotado de gente “pulando” ao som daquela banda que soava os metais nas alturas. À noite, era a vez dos adultos. Meus pais se fantasiavam e se juntavam a outros casais amigos no clube. Era diversão garantida. A minha irmã mais velha, o namorado e a turma deles também não deixavam por menos. Toda a família pulava carnaval. Meu pai era sócio do América e eu também frequentava as piscinas do clube todos os domingos. Os carnavais passados, de clube e rua, tinham sua magia, seu encanto... Daquele período, trago boas recordações... mas não me tornei um folião. Ou será que existe um arlequim adormecido dentro de mim, esperando um dia despertar e cair na folia? Hoje quem acordou foram as recordações, lembranças dos meus dias de carnaval, quando não existia violência. Só paz, amor, alegria, o dedo em “V” e a minha inocência sobre o mundo e os desejos do corpo.

Carnaval de 2013
With a little help from my friends P.J.


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Memorias em decoposição



Sonhei com Grandes e Velhas carcaças de barcos ancoradas na praia deserta, pedaços de sonhos, no porto solitário, vazio... Tudo é deserto e silencioso. Os barcos já se tornaram velhas construções, com suas madeiras esqueléticas apodrecidas pelo tempo, visito antigos barcos fantasmas, que um dia navegaram por aguas quentes e límpidas de um céu azul celestial e profundo. Busco alguns fragmentos de sonhos, restos de tesouros, assim é a vida: decomposição...

Alipio-Fev 2013

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

OVELHAS E BODES


Recentemente circulou na mídia, principalmente nas redes sociais do Brasil, notícia sobre um determinado pastor de igreja evangélica, o qual declarou que “ama os homossexuais como ama os bandidos’’, etc... Uma famosa apresentadora de TV respondeu que “quem segue um pastor desses só pode ter cérebro de ovelha”.  A partir dessa afirmação, me veio na lembrança uma coisa que eu sempre observei,  mas nunca escrevi: as pessoas ovelhas e bodes. As pessoas que eu denomino ovelhas são as que nasceram ou que trazem na alma o desejo de serem amestradas e que necessitam de alguém para lhes guiar. Essas pessoas se sentem iguais, compatíveis com os demais da sua espécie, repetindo padrões, comportamentos condicionados e acreditando em tudo que o seu fiel pastor lhe diz. Costumam sair um pouco do seu curral, mas logo em seguida, junto com o restante do rebanho, voltam para o seu cercado e esperam sempre obedecer as ordens. Não pensam, não criticam, não raciocinam... vivem para o rebanho conforme as leis do pastor do seu meio ambiente, geralmente transformado e estruturado para lhe trazer o conforto necessário para deixá-las tranquilas, sem ter que  pensar ou questionar... ”o senhor é o meu pastor e nada me faltará...” Assim, arrebanhadas coletivamente, seguem  felizes um padrão de vida que se resume em: comer, pastar, dormir, reproduzir e esperar o abate (geralmente do seu querido pastor). Pobres ovelhas, desconhecem as alturas das montanhas, os campos selvagens, os horizontes distantes. As pessoas ovelhas se contentam com o ...“crescei e multiplicai-vos...”, aumentando assim o rebanho. É lógico que no meio dessas ovelhas tem sempre aquela que detecta algo errado, mas não sabe o que é... como no filme “Matrix” em que Neo percebia algo diferente inconscientemente, intuição de que alguma coisa estava errado, que não se sentia bem seguindo o rebanho, não conseguia mais se encaixar no padrão... algo selvagem nela começa a incomodá-la. Normalmente chamam este tipo de criatura de ovelha negra. Esta pobre ovelha se torna estigmatizada, excluída do rebanho por se tratar de um ovino rebelde, diferente, problemático. As pessoas que eu denomino bode, são esquivas, não gostam de andar em bando, preferem a vida selvagem, a liberdade de explorar as mais altas montanhas, e de lá avistar o horizonte, e que sabem que a vida tem muitas estradas e montanhas e que cada terreno novo lhe traz a alegria de viver... sua liberdade, sua solidão não tem preço. Curioso é que as instituições que arrebanham, costumam utilizar como símbolo do mal, uma cabeça de bode... As pessoas caprinos, assim como a espécie animal, nascem com essas características na alma, com o instinto de sobrevivência nas mais remotas terras, e desenvolvem esse instinto com defesas para se proteger de qualquer predador (e pastor) enquanto que as ovelhas são os únicos animais na face da terra que não possuem instinto de defesa, ficam na base da cadeia alimentar . Assim, são as pessoas bodes, não aceitam ordens, gostam de fazer suas próprias escolhas, decidem onde ir e com quem andar... É lógico que não só ovelhas e caprinos andam neste planeta, temos também os porcos, os ratos, os cachorros... mas ai será uma outra história. Agora vou ler George Orwell e ouvir “Animals”, do Pink Floyd. Eita mundo animal.

Alipio Raposo – fev-2013