quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

OVELHAS E BODES


Recentemente circulou na mídia, principalmente nas redes sociais do Brasil, notícia sobre um determinado pastor de igreja evangélica, o qual declarou que “ama os homossexuais como ama os bandidos’’, etc... Uma famosa apresentadora de TV respondeu que “quem segue um pastor desses só pode ter cérebro de ovelha”.  A partir dessa afirmação, me veio na lembrança uma coisa que eu sempre observei,  mas nunca escrevi: as pessoas ovelhas e bodes. As pessoas que eu denomino ovelhas são as que nasceram ou que trazem na alma o desejo de serem amestradas e que necessitam de alguém para lhes guiar. Essas pessoas se sentem iguais, compatíveis com os demais da sua espécie, repetindo padrões, comportamentos condicionados e acreditando em tudo que o seu fiel pastor lhe diz. Costumam sair um pouco do seu curral, mas logo em seguida, junto com o restante do rebanho, voltam para o seu cercado e esperam sempre obedecer as ordens. Não pensam, não criticam, não raciocinam... vivem para o rebanho conforme as leis do pastor do seu meio ambiente, geralmente transformado e estruturado para lhe trazer o conforto necessário para deixá-las tranquilas, sem ter que  pensar ou questionar... ”o senhor é o meu pastor e nada me faltará...” Assim, arrebanhadas coletivamente, seguem  felizes um padrão de vida que se resume em: comer, pastar, dormir, reproduzir e esperar o abate (geralmente do seu querido pastor). Pobres ovelhas, desconhecem as alturas das montanhas, os campos selvagens, os horizontes distantes. As pessoas ovelhas se contentam com o ...“crescei e multiplicai-vos...”, aumentando assim o rebanho. É lógico que no meio dessas ovelhas tem sempre aquela que detecta algo errado, mas não sabe o que é... como no filme “Matrix” em que Neo percebia algo diferente inconscientemente, intuição de que alguma coisa estava errado, que não se sentia bem seguindo o rebanho, não conseguia mais se encaixar no padrão... algo selvagem nela começa a incomodá-la. Normalmente chamam este tipo de criatura de ovelha negra. Esta pobre ovelha se torna estigmatizada, excluída do rebanho por se tratar de um ovino rebelde, diferente, problemático. As pessoas que eu denomino bode, são esquivas, não gostam de andar em bando, preferem a vida selvagem, a liberdade de explorar as mais altas montanhas, e de lá avistar o horizonte, e que sabem que a vida tem muitas estradas e montanhas e que cada terreno novo lhe traz a alegria de viver... sua liberdade, sua solidão não tem preço. Curioso é que as instituições que arrebanham, costumam utilizar como símbolo do mal, uma cabeça de bode... As pessoas caprinos, assim como a espécie animal, nascem com essas características na alma, com o instinto de sobrevivência nas mais remotas terras, e desenvolvem esse instinto com defesas para se proteger de qualquer predador (e pastor) enquanto que as ovelhas são os únicos animais na face da terra que não possuem instinto de defesa, ficam na base da cadeia alimentar . Assim, são as pessoas bodes, não aceitam ordens, gostam de fazer suas próprias escolhas, decidem onde ir e com quem andar... É lógico que não só ovelhas e caprinos andam neste planeta, temos também os porcos, os ratos, os cachorros... mas ai será uma outra história. Agora vou ler George Orwell e ouvir “Animals”, do Pink Floyd. Eita mundo animal.

Alipio Raposo – fev-2013