Recentemente
circulou na mídia, principalmente nas redes sociais do Brasil, notícia sobre um
determinado pastor de igreja evangélica, o qual declarou que “ama os homossexuais como ama os bandidos’’,
etc... Uma famosa apresentadora de TV respondeu que “quem segue um pastor desses só pode ter cérebro de ovelha”. A partir dessa afirmação, me veio na lembrança
uma coisa que eu sempre observei, mas
nunca escrevi: as pessoas ovelhas e bodes. As pessoas que eu denomino ovelhas
são as que nasceram ou que trazem na alma o desejo de serem amestradas e que
necessitam de alguém para lhes guiar. Essas pessoas se sentem iguais, compatíveis
com os demais da sua espécie, repetindo padrões, comportamentos condicionados e
acreditando em tudo que o seu fiel pastor lhe diz. Costumam sair um pouco do
seu curral, mas logo em seguida, junto com o restante do rebanho, voltam para o
seu cercado e esperam sempre obedecer as ordens. Não pensam, não criticam, não
raciocinam... vivem para o rebanho conforme as leis do pastor do seu meio ambiente,
geralmente transformado e estruturado para lhe trazer o conforto necessário
para deixá-las tranquilas, sem ter que pensar ou questionar... ”o senhor é o meu pastor e nada me faltará...” Assim, arrebanhadas coletivamente,
seguem felizes um padrão de vida que se
resume em: comer, pastar, dormir, reproduzir e esperar o abate (geralmente do
seu querido pastor). Pobres ovelhas, desconhecem as alturas das montanhas, os
campos selvagens, os horizontes distantes. As pessoas ovelhas se contentam com
o ...“crescei e multiplicai-vos...”, aumentando assim o rebanho. É lógico
que no meio dessas ovelhas tem sempre aquela que detecta algo errado, mas não
sabe o que é... como no filme “Matrix” em que Neo percebia algo diferente inconscientemente,
intuição de que alguma coisa estava errado, que não se sentia bem seguindo o rebanho,
não conseguia mais se encaixar no padrão... algo selvagem nela começa a
incomodá-la. Normalmente chamam este tipo de criatura de ovelha negra. Esta
pobre ovelha se torna estigmatizada, excluída do rebanho por se tratar de um ovino
rebelde, diferente, problemático. As pessoas que eu denomino bode, são esquivas,
não gostam de andar em bando, preferem a vida selvagem, a liberdade de explorar
as mais altas montanhas, e de lá avistar o horizonte, e que sabem que a vida tem
muitas estradas e montanhas e que cada terreno novo lhe traz a alegria de
viver... sua liberdade, sua solidão não tem preço. Curioso é que as instituições
que arrebanham, costumam utilizar como símbolo do mal, uma cabeça de bode... As
pessoas caprinos, assim como a espécie animal, nascem com essas características
na alma, com o instinto de sobrevivência nas mais remotas terras, e desenvolvem
esse instinto com defesas para se proteger de qualquer predador (e pastor) enquanto
que as ovelhas são os únicos animais na face da terra que não possuem instinto
de defesa, ficam na base da cadeia alimentar . Assim, são as pessoas bodes, não
aceitam ordens, gostam de fazer suas próprias escolhas, decidem onde ir e com
quem andar... É lógico que não só ovelhas e caprinos andam neste planeta, temos
também os porcos, os ratos, os cachorros... mas ai será uma outra história. Agora vou ler George Orwell e ouvir “Animals”, do
Pink Floyd. Eita mundo animal.
Alipio Raposo – fev-2013